terça-feira, 24 de novembro de 2009

[00010] Que nervos

Os jornais e as televisões de ontem noticiavam o aparecimento de processos judiciais, distribuídos por nove contentores  próximo do Palácio da Justiça, em Lisboa. E eu aqui, nesta parvónia, sem acesso a tanta documentação, certamente interessante. Mas porque é que eu estou em Pombal e ontem não passei por Lisboa?

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

[00009] Emigração em Pombal (continuação de estudo anónimo e sem data)


Entrevista com o Presidente da Câmara Municipal de Pombal (Dr. Armindo Lopes Carolino).


ENTR: Sr. Presidente, o nosso trabalho vai incidir sobre a emigração no período dos anos 60-70 e a actualidade. O Município de Pombal sempre atingiu altos índices de emigração, nomeadamente na década de 60-70, baixando esses índices na década de 80. A nossa pergunta é no sentido de sabermos quais foram as linhas de actuação do Poder Local, antes do mandato que assumiu, e que medidas têm sido tomadas para fixar a população.

Dr. Armindo Carolino ( A. C. ): Procurando uma justificação para o alto índice emigratório que se verificou no concelho de Pombal nos anos 60, nós podemos ir buscá-la, a uma economia muito débil das famílias, porque o concelho de Pombal era essencialmente rural/agrícola, de uma agricultura de subsistência com uma zona de Serra muito pobre, de muito difícil acesso e onde as pessoas praticamente viviam isoladas, trabalhando por conta de outrem, normalmente ao "dia fora" e com uma retribuição bastante parca, sem capacidade de poder responder às exigências que normalmente uma família tem em termos de poder satisfazer essas necessidades básicas, sobretudo alimentação, vestuário e qualidade de vida e, portanto, inicialmente a emigração faz-se clandestinamente, mais tarde já devidamente autorizada e depois, com a mudança da política administrativa do pais, as coisas mudaram e, já antes haviam condições de emigração legais, que as pessoas foram aproveitando. Já nos anos 60-70, a administração complementarmente com a iniciativa privada tentaram fazer algo que fixasse as pessoas e os capitais à terra, e nasceram, digamos, as primeiras empresas industriais devidamente organizadas e fixadas numa chamada Zona Industrial - A Zona Industrial da Formiga, que vêm no seguimento da actividade industrial, que se fazia sentir em épocas anteriores, nomeadamente no aproveitamento de resinas e de madeiras que eram, digamos, os produtos endógenos, mais fáceis de industrializar porque existentes em abundância nesta área geográfica. Entretanto a Zona Industrial da Formiga é levada por diante, no sentido de criar postos de trabalho, dando a primeira resposta para a fixação de pessoas e para de algum modo fazer um corte na emigração.
Posteriormente e já na década de 80 e por iniciativa do Município, complementarmente à Zona Industrial da Formiga, são iniciados os apoios a pequenas áreas industriais ou eixos industriais, nas diversas freguesias do concelho de Pombal e grande investimento no Parque Industrial Manuel da Mota, em que um privado, o Sr. Manuel da Mota, conjuntamente com a Câmara Municipal, deram as mãos e através da disponibilização de 82 hectares de terreno, a Câmara Municipal levou por diante o que é hoje já uma realidade - o Parque Industrial Manuel da Mota - onde diversas empresas, aproveitando a situação geográfica de excepção em que Pombal se encontra, em relação às grandes acessibilidades, quer rodoviárias, quer ferroviárias e a proximidade que tem com os portos de Lisboa, Leixões, Figueira da Foz, Aveiro, permitiram que do estrangeiro e nacionais, diversas empresas procurassem Pombal para investirem e assim, hoje temos as unidades de japoneses, franceses, alemães, espanhóis, finlandeses, holandeses e islandeses que acreditaram em nós, acreditaram no Município, acreditaram nas pessoas e nos trabalhadores desta região e paralelamente a isso tudo, da parte do Município, não só se fez o investimento na zona industrial, como também se criaram estruturas de formação profissional que é o caso da Escola Tecnológica Artística e Profissional de Pombal, onde estão neste momento a terminar o seu curso alunos e alunas, na área da electrónica, confecção, pintura e decoração de cerâmica e azulejo e na área da gestão empresarial - gestão de empresas. Estes alunos irão efectivamente ser uma grande mola para o desenvolvimento equilibrado da parte económica e esperamos que os futuros cursos da Escola Tecnológica tenham um papel importante, na qualidade das produções que as empresas vão levar por diante. A Escola Tecnológica visa essencialmente a formação de quadros intermédios, julgo que os objectivos estão a ser conseguidos e os parceiros que são o suporte jurídico dessa escola são a Autarquia - Câmara Municipal e as Associações Económicas da Indústria e do Comércio, pensamos que deste conjunto de iniciativas resultaram efeitos benéficos, sobretudo, fixando as pessoas mais jovens às terras onde nasceram e dando-lhes possibilidades de encontrarem localmente um posto de trabalho, embora, tenhamos verificado já no segundo período da década de 80 e no início da década de 90, um factor migratório mais preocupante do que aquele dos anos 60, é que face e mercê de alguma dificuldade na área do primeiro emprego, muitos jovens com o 9º ano, procuram a emigração temporária e sazonal, trabalhado em países da Europa nomeadamente, Suíça, Luxemburgo, e até o sul da França, emigração essa que é preocupante, na medida em que, já é uma mão-de-obra que em termos de formação escolar já está para além daquilo que era normal na onda migratória dos anos 60, em que emigravam analfabetos ou pessoas com a escolaridade mínima, o que é um tanto ou quanto complicado, porque a sua saída sangra ainda mais o mercado de trabalho de jovens.
(continua)