quinta-feira, 29 de outubro de 2009

[00008] Emigração em Pombal (continuação de estudo anónimo e sem data)


Entrevista com Ex-emigrante, em França, de Pombal

A verdade nua e crua, o contacto directo, as subtilezas de uma vida de trabalho... lá longe. E também a confusão das novas realidades, as mudanças e o relembrar de velhos tempos que já não voltam. Uma entrevista muito peculiar com um ex-emigrante em França.

ENTR: O Sr. acabou de regressar de França. Como foi a sua partida para França? Em que ano? Em que condições de trabalho e acolhimento? Pode relatar-me como tudo se passou?

Ex-Emigrante ( E E ): Bom... parti para França em 1974, tinha na altura 15 anos. O meu pai era emigrante também em França. Eu e a restante família - irmãos e mãe - vivíamos aqui em Portugal.
Entretanto a minha irmã casou e foi para França com o marido... Eu por várias vezes já tinha pedido ao meu pai para me levar com ele, só que ele nunca aceitou!...
Entretanto, há já alguns anos que estava empregado, era mecânico, e numas férias resolvi ir até França.
Sem que o meu pai soubesse, arranjei um passaporte e, um dia, fiz-lhe uma surpresa!... Inicialmente, a minha intenção era ficar lá somente nas férias, mas rapidamente me convenci que o melhor era ficar lá definitivamente. Lá via melhores perspectivas para o meu futuro, desde logo económicas, que me permitiam chegar mais rapidamente ao meu carro, à minha casa, a outros gastos pessoais. etc...
Acabaram as férias, vim a Portugal, regularizei a situação com o meu patrão e algumas semanas depois fui para França. Nos primeiros tempos fui viver com o meu pai e trabalhava na construção civil; meses depois arranjei trabalho como mecânico numa oficina de uma marca bastante conhecida e fui na altura viver para casa da minha irmã e, finalmente, depois de estar um pouco mais orientado ( e porque já não tinha grandes problemas com a língua) arranjei uma casa e fui viver sózinho...

ENTR:  Mas a sua entrada em França, apesar de ter passaporte, era clandestina, desde logo pelo facto de ir trabalhar e depois porque ainda mão tinha atingido a maioridade. Não teve problemas com as autoridades francesas devido a essa situação?

EE: Sim, sim... a minha entrada em França foi clandestina e mantive-me clandestinamente até 1981. É que, só passados cerca de 7 anos é que consegui regularizar a minha situação e a partir daqui comecei a obter outras regalias, numeadamente da segurança social...

ENTR: Não teve problemas com as autoridades?

EE: Bom... é claro que as pessoas nunca andam descansadas... Eu pessoalmente não tive grandes problemas...

.ENTR: Quais as actividades, profissões, a que os emigrantes normalmente se dedicam? . .

EE: As actividades dos emigrantes, normalmente, são a construção civil, estradas, esgotos, jardins... depois temos mecânicos bate- chapas, pintores... alguns trabalhadores agrícolas, outros que já se estabeleceram por conta própria com o seu café ou restaurante ou mesmo oficina, enfim... São normalmente estas as actividades dos emigrantes... Há depois um ou outro que tem uma profissão de nível superior, mas são casos raros.

ENTR: Um dos objectivos do emigrante é tentar amealhar o mais possível para que possa, num futuro mais ou menos próximo, construir a sua casa em Portugal, comprar o seu carro, dar formação aos seus filhos, ter uma conta bancária que lhe dê uma certa segurança... Em suma conseguir meios para satisfazer este leque de necessidades implica muitas privações?
Ou os níveis salariais são suficientes para se obter o que se pretende? É claro que isto depende de outros ractores, importa-se de fazer um comentário a tudo isto?

EE: Sim... Estes são os objectivos do emigrante, também foram os meus, e é claro que para se conseguir tudo isto são necessárias algumas privações e isso depende de emigrante para emigrante, de família para família. Há emigrantes que para conseguirem amealhar uns milhares de contos, terem um bom carro para vir a Portugal, terem cá uma casa, etc., etc... vivem em França em casas sem quaisquer condições, às vezes seis pessoas vivem em casas apenas com duas divisões, em condições pouco boas. Trabalham de dia e de noite e ao fim-de-semana se for preciso, vivem numa autêntica escravidão de onze meses sem divertimentos, sem passeios, com os mínimos gastos; para no Verão passarem um mês de férias em Portugal mostrarem aos seus conterrâneos e familiares um certo nível de vida, que para além de ser só nas férias é só aparência. Este tipo de vida encontra-se mais nos emigrantes mais velhos, porque os emigrantes da minha idade e os mais novos têm um tipo de vida diferente... divertem-se, passeiam, vão à discoteca, frequentam restaurantes... Têm casa em melhores condições, portanto, não são tão escravos, no entanto vão amealhando dinheiro e construindo a casa, comprando o carro (não tão depressa, possivelmente, como os outros), mas também não se deixam cair naquela escravidão de 11 meses como há pouco disse. É claro que no meio de tudo isto há sempre um caso ou outro de excepção.

ENTRE: Como é que o emigrante passa normalmente os seus tempos livres? Em festas inspiradas na Cultura Portuguesa, ou nem por isso? Convive mais com os emigrantes portugueses, franceses e outros?

EE: Isto também depende um pouco da idade das pessoas. O emigrante mais velho é mais~facil vê-lo passar o fim de semana numa festa portuguesa com outros portugueses, enquanto que os mais novos já vão à discoteca, convivem com outras pessoas, não só com portuqueses mas também com franceses e outros...


ENTRE: Podemos dizer que os emigrantes mais velhos preservam mais a cultura portuguesa que os mais novos? Dado que muitos destes a desconhecem, sendo os filhos da primeira geração de emigrantes e que nasceram já em França, ou então foram para lá muito novos, sem terem um grande contacto com determinados hábitos, tradições da cultura portuguesa

EE: Bom... os mais velhos dão mais valor à cultura portuguesa, por exemplo à tourada, aos ranchos folclóricos (há muitos ranchos folclóricos portugueses onde participam também os filhos dos emigrantes e muitos deles já são netos... ). Os mais novos talvez  não dêem muito valor porque, como vos disse à pouco,. não viveram muito a cultura portuguesa, porque muitos deles já nasceram lá e depois são mais novos e estão mais abertos a outros convívios e a outras companhias.
Mas, por exemplo, é normal encontrar os portugueses desde o mais novo ao mais velho, com cassetes de música popular portuguesa que é uma. coisa apreciada por todos.

ENTR: Caminhando agora para ,uma outra área, a área ..do investimento, parece-me que os emigrantes nao são muito receptivos a grandes investimentos. O investimento mais típico em Portugal, por parte dos emigrantes, são os cafés, os restaurantes, os andares, e muito raramente partem para um investimento ao nível industrial, que justificação apresenta para explicar tal facto?

EE: Sabe que os portugueses são muito agarrados ao dinheiro, eu tenho amigos e colegas, inclusivamente meus vizinhos, que têm aos 40 e aos 60 mil contos e mais parados sem fazerem qualquer uso desse dinheiro, nesta situação encontramos muitos emigrantes.Estes são portanto, os que não investem que ganham só para amealhar, para aumentar a conta bancária. Depois há aqueles que estão dispostos a investir em Portugal, só que não encontram grandes condições, é muita papelada e burocracia. Se de um dia para o outro precisa de um empréstimo não o consegue... enfim, há  muito emperramento a vários níveis -e-tudo acaba por desmotivar as pessoas (eu, pessoalmente, começo a ficar um pouco
decepcionado e desmotivado. .. ), é que as coisas em França são diferentes. É fácil criar qualquer coisa sem dinheiro, se for preciso consigo um empréstimo de um dia para o outro com juros de 9 ou 10%, em Portugal consigo passadas algmaas semanas ou meses; com juros a 30%. É por isso que muitos emigrantes que queriam investir em Portugal optam por investir em França e não em Portugal porque lá há melhores condições.

ENTR: Entretanto, regressou a Portugal defenitivamente, houve alguma causa em especial que o levou a tomar essa decisão?

EE: Bom...aquilo que fez com que viesse para Portugal, foi ter surgido a. hipótese de investimento aqui em Portugal, o avançar das coisas, começou a exigir a minha presença aqui. Eu e a minha  mulher decidimos então regressar definitivamente a Portugal.

ENTR: Uma vez chegados a Portugal, tiveram alguma dificuldade ou problema, nomeadamente com a legalização da vossa situação?

EE: Sim...Sim... uma das dificuldades é nós legalizarmos a nossa situação, é necessário muito tempo para tudo. Muita papelada, etc.

ENTR: E com a integração dos filhos no novo meio, nomeadamente scolar?

EE: Neste campo são muitas as dificuldades. A primeira é que não á equivalência aos níveis escolares, portanto o português e o francês, o que para os miúdos é pouco motivador porque em França estavam num nível, vêm para Portugal e dão-lhes equivalência num  nível mais baixo. Mas isto eu compreendo porque o que está em causa.:.é a língua :portuguesa  e eles sem saberem portugues não podem avançar.
Depois há outra situação que é ao nível das instalações escolares, culturais, despórtivas, etc., que não têm comparação com as de França. Lá, para além do horário normal de aulas, tinham natação, ténis, biblioteca; etc. . . E isto a cinco minutos de casa.. .. Aqui em Portugal tenho que fazer uns bons quilómetros para ter tudo isto. ,-Mas,- de qualquer modo, tenho que ter em conta que em França estava numa cidade e aqui estou numa aldeia e se mesmo em Portugal estivesse numa cidade também tinha acesso a todas estas regalias, enfim é um pouco relativo.


ENTR. Muito obrigado!


quarta-feira, 28 de outubro de 2009

[00007] Emigração em Pombal


Entrevista com o Gerente do Balcão do BPA, em Pombal.

ENTR: - Ao fenómeno da emigração está ligado um facto importante, que é a entrada de remessas dos emigrantes no seu país e concretamente na sua área de saída. Qual tem sido a política deste Banco no sentido da captação dessas remessas? Tem sido significativo o volume de entradas?
GERENTE DO BPA (BPA ): O - BPA é um Banco de captação de capitais no geral e também de capitais da emigração.
Este Banco, tal como os outros que existem no país, tem contas especiais para emigrantes, “Conta Poupança Emigrante". Pretendem atrair capitais - remessas dos emigrantes, emigrantes permanentes e que façam prova disso. Estas contas têm condições especiais, nomeadamente juros mais elevados, o que de si é desde logo um atractivo ao envio de remessas para o seu país de origem - Portugal.
O objetivo principal é captar o capital dos emigrantes, não só por uma questão social, dado que revela preocupação com uma determinada camada da população, mas também por uma questão económica, é que, a entrada destas remessas no país, permite a aplicação destes capitais noutros sectores e por outras pessoas, nomeadamente industriais, permitindo posteriores investimentos.
Em suma estes capitais vêm dinamizar outros sectores, concretamente na área de Pombal, o da construção civil e também, embora menos, a indústria.
Há também, e a nível nacional, no âmbito do mercado de acções, reserva de uma percentagem, não significativa, de acções a serem adquiridas pelos emigrantes.
ENTR: - Em que áreas - sectores - é que se verifica com mais significado a aplicação de capitais pelos emigrantes.
BPA: O emigrante quando regressa instala-se na sua terra e dedica- se numa grande percentagem à construção- civil, numa primeira instância à construção da sua própria casa e, posteriormente, acaba por se tornar construtor e, ainda no âmbito da construção, é frequente um investimento num andar na Vila ou Cidade mais próxima. Um dos sectores onde é frequente o investimento por parte- dos emigrantes é o sector do comércio/serviços, nomeadamente com a abertura de um mini-mercado e café na aldeia de onde saiu. Este tipo de investimento deve-se e justifica-se, desde logo, pelo nível de formação média dos emigrantes. É fácil para o emigrante investir na construção, no comércio/serviços e não noutros sectores, tendo em conta que a formação que é exigida, nomeadamente na indústria, implica uma maior e melhor formação média, o que não acontece com os sectores onde por norma o emigrante investe. O emigrante não gosta de correr riscos.
ENTR: Muito obrigado!

Nota da dona do Blogue: Esta entrevista é elucidativa da deficiente estruturação da nossa economia. Uma base de desenvolvimente comprometida na construção civil e empreitadas, leva, mais tarde ou mais cedo, à estagnação económica como tão bem, a recente crise, exemplificou.

[00006] Aviso à Navegação

Algumas transcrições são feitas a partir de originais defeituosos, sujos, manchados, amarrotados ou até rasgados. Daqui ocorre haver muita informação truncada.
No texto que estamos seguindo há mais de oitenta páginas em falta e muitas em mau estado.
Alguns documentos são provenientes de lixeiras e vazadouros, tanto deste concelho como de outros em que já vivi ou passei.

domingo, 18 de outubro de 2009

[00005] Adeus Pombal...

O município de Pombal caracteriza-se por ter uma forte tradição emigratória, de que se destacam alguns períodos que apresentam um número de saídas particularmente significativo, verificando-se também, ao longo dos anos, uma alteração dos destinos desta emigração.
Apesar deste estudo se localizar num período posterior a 1960, não se deve deixar de salientar a importância de um período anterior a esta data que coincide com o movimento emigratório para o Brasil, que assume particular relevo neste Município desde o início do século até finais da década de 50 ( como se pode comprovar pelo quadro da página seguinte ), altura a partir da qual este movimento começa a ser substituído e superado pela emigração, que então se começa a verificar, para França.
Embora com algumas oscilações, o movimento emigratório para França destaca-se, desde logo, se compararmos estes números com os referentes a saídas para outros países; nomeadamente o Brasil, os E.U.A., o Canadá, a Venezuela e a Alemanha, em período idêntico. Este fluxo emigratório atingiu o seu auge no período de 1965 a 1969, com 7297 saídas legais, para no período seguinte ( 1970 a 1974 ) baixar para cerca de metade, altura em que a emigração para a Alemanha também começa a manifestar-se de uma forma crescente, embora, com muito menor significado do que a verificada para França. Todos estes factos são confirmáveis no quadro da página seguinte, no entanto, todos estes valores seriam completamente modificados se fosse considerada também a emigração clandestina. Assim, no período de 1960 a 1974 verificou-se um elevado número de saídas cujo destino foi essencialmente a Europa ocidental ( nomeadamente França e Alemanha ), tendo sido muito menos importante o número de saídas para países de outros continentes.
Desde então até hoje, a tendência da emigração tem sido no sentido decrescente, apresentando a partir dos anos 80 outros destinos, sendo a Suíça o principal país acolhedor da emigração sazonal que se verifica no Município.

EMIGRAÇÃO EM POMBAL SEGUNDO OS PAÍSES DE ACOLHIMENTO ENTRE 1955 E 1974
TOTAL * Fuga à Guerra Colonial

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

[00004] Emigração Pombal

A partir de 1974, apesar de existir ainda um elevado número de emigrantes, os. indíces emigratórios baixaram consideravelmente apresentando-se actualmente uma emigração ( cujo principal acolhedor tem sido a Suiça ), com características diferentes que representam a chamada "emigração sazonal", que se caracteriza por uma saída temporária das pessoas que normalmente saem do país com um contrato ou se dispõem a "fazer a época das colheitas", emigração esta que não deixa de ser tão ou mais preocupante do que a verificada até 1974; já que para além de sairem trabalhadores qualificados os mesmos não contribuem para a riqueza do país. Finalmente, a persistência deste movimento, que com o decorrer dos anos diminuiu consideravelmente, acabou por se repercurtir em diferentes aspectos da sociedade portuguesa, que têm a ver com a canalização de remessas para as áreas de origem dos emigrantes; com perdas significativas de população que na década 60-70 foram característica comum a todo o país, com a alteração de um conjunto de valores, com a adopção de hábitos e estilos próprios dos países de acolhimento que, muitas vezes, são trazidos para Portugal repercurtindo-se posteriormente a outros níveis, nomeadamente culturais e paisagísticos.

Nota da proprietária do blogue:

Estes dados estão necessariamente desactualizados.

Os anos de 90 e primeira década do presente século, vieram repor muitos dos números da época 60/70, com a particularidade do aparecimento do fenómebno novo, para a cidade e para o país, da imigração que parece, por enquanto, atigir ainda uma percentagem menor que a emigração, embora com resultados já significativos, em algumas regiões, de aumento da natalidade, dada a juventude e a fertilidade pos povos que nos procuram e se vão integrando na nossa sociedade.

(continua)

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

[00003] Emigração em Pombal

EMIGRAÇÃO EM PORTUGAL: UMA FATALIDADE?
Portugal tem apresentado ao longo dos anos e da sua história períodos de forte emigração, que se têm traduzido por uma saída maciça dos seus habitantes para outros países.
O primeiro período vai desde os finais do século passado até 1913. Este período coincide com a chamada "emigração transoceânica", cujo país de destino-foi essencialmente o Brasil. Este movimento sofreu uma baixa durante a I Guerra Mundial, devido, desde logo, às dificuldades de transporte marítimo, tendo de novo aumentado entre 1919 e 1930, como comprova o gráfico referente à Emigração Oficial. Posteriormente, à custa de restrições impostas pelo Brasil à entrada de estrangeiros, este movimento decai consideravelmente, vindo o mesmo a suceder durante a II Grande Guerra.
A partir dos finais dos anos 50 e, sobretudo, no início da década de 60, desenvolve-se o segundo período e a emigração portuguesa volta a incrementar-se apresentando, contudo, características diferentes das do período anterior. Este movimento teve como principal destino os países industrializados da Europa Ocidental, que na altura apresentavam fortes carências de mão-de- obra, face à necessidade da sua reconstrução e à expansão económica que estes atravessavam. Iniciava-se a chamada "emigração intra-europeia".
Este período de forte emigração manteve-se até 1974, altura a partir da qual é interrompido, devido às restrições impostas por estes países do ocidente europeu e, igualmente, pelos E.U.A. e Canadá, que se traduziu numa quebra bastante significativa da emigração portuguesa que até 1974 se caracterizou pela existência de um elevado número de saídas clandestinas - emigração clandestina, sobretudo para França ( como é confirmável no gráfico ), saídas estas que em algumas zonas do país foram mais significativas que as saídas legais/oficiais - emigração legal.
Portugal, em período idêntico ( 1960/1974 ), apresentava fortes condicionalismos internos, que foram factores importantes e determinantes para o desenrolar do processo emigratório e, portanto, pela saída constante de mão-de-obra portuguesa para outros países, que se justificava em grande parte pela fome, pela miséria, pelas más condições de trabalho, em suma, pelas más condições de vida como consequência dos desequilíbrios "inter - sectoriais" e "regionais" que caracterizavam a sociedade portuguesa.
Como consequência desta situação, o país apresentava neste período um elevado número de pessoas não qualificadas. Pelo contrário, outros países europeus de destino da emigração portuguesa estavam com um grande excedente de mão-de-obra qualificada, pelo que lhes interessava imigrantes trabalhadores pouco qualificados, como os portugueses, dispostos a desempenhar tarefas relativamente modestas.
E, se todas estas causas foram determinantes para a saída das populações para outros países, não podemos esquecer a importância das razões políticas que levaram muitos jovens e adultos a abandonarem o seu país por oposição ao regime e, outros, para não cumprirem o serviço militar, como forma de fugirem à Guerra Colonial que havia começado.
(continua)

Notas: Gráficos e comentários da dona do blogue, sobre as causas da emigração, surgirão a seu tempo.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

[00002] Migrações Pombal

A emigração em Pombal poderia ser o mote para um romance nostálgico... Com lágrimas de saudade e sofrimento a separar o homem da Pátria e de todos os entes queridos. Poderia ser também um motivo para criticar todos os poderes, desde o económico ao social, passando pelo político. Porém pretendemos desenvolver um trabalho de investigação em que iremos previlegiar os números, as opiniões e todo um vasto rol de implicações em vários domínios que a emigração acarreta.

Infelizmente não conseguimos obter todos os dados que desejaríamos para desenvolver este tema de forma completa e com uma consciência exacta da evolução do fenómeno emigratório, porém tentámos ultrapassar este facto analisando um passado comum que, de forma significativa, se projectou no presente. Alguns dados poderão não ser os mais correctos considerando o peso, altamente significativo, da emigração clandestina.

O estudo aborda essencialmente o período que medeia 1960 e a actualidade, numa perspectiva da emigração em Portugal, em Pombal e em alguns outros concelhos do distrito. Pretendemos enrriquecer a abordagem do caso de Pombal com algumas entrevistas que são uma fonte indispensável de informação dos agentes ligados, de alguma forma, ao fenómeno.

Deixamos aqui um agradecimento muito especial a uma grande amiga de Pombal que connosco colaborou neste capítulo... Muito obrigado, assim vale a pena!

Vamos então partir rumo ao desconhecido, clandestinamente ( para não dar nas vistas), sem PIDES, sem guerras, sem razões... Na busca do sonho e da aventura e deixando para trás a Pátria amada e a namorada (o)... Vem daí!

Supostamente um trabalho escolar anónimo e sem data, página 75.